Professores e estudantes criticam demissões da Universidade Estácio de Sá
A Universidade Estácio de Sá atribui
a demissão de 1.200 professores a uma reestruturação empresarial,
enquanto Ministério Público, estudantes e trabalhadores na educação sustentam
se tratar de reflexos nocivos da reforma trabalhista. O tema foi debatido nesta
quarta-feira (20) em audiência pública da Comissão de Trabalho, de
Administração e Serviço Público da Câmara dos Deputados.
O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP),
que sugeriu o debate, ressaltou que o caso da Estácio não é isolado. "A
FMU [Faculdades Metropolitanas Unidas] viveu um processo de demissão de algumas
centenas de professores, meses atrás. Também nos chamou a atenção que, nesta
semana, a Universidade Metodista, no ABC Paulista, anunciou a demissão de 45
docentes. Analisados os dados, percebe-se que metade desses profissionais
demitidos na Estácio tem mais de 50 anos de idade e mais da metade tem uma
graduação além da especialização", afirmou.
A Estácio enviou um reitor e um
advogado à audiência pública. Segundo eles, a demissão de professores faz parte
de um processo de reestruturação iniciado em 2015, baseado na qualificação do
quadro de docentes para atender as demandas dos estudantes.
"Há um
edital de convocação para a contratação de novos professores justamente para se
readequar à demanda. Poucas pessoas vão se inscrever, eventualmente, para fazer
um curso de química ou física. Sem depreciar a carreira de física e química,
longe disso, mas hoje virou uma mania nacional querer fazer moda, gastronomia e
outros cursos que são mais modernos. Então, a empresa tem que, necessariamente,
atender a isso. Ela não é uma instituição de ensino pública, que tem de
fornecer todos os tipos de curso para atender o complexo da sociedade", disse o advogado Bruno Galiano.
Galiano garantiu que as dispensas não
têm relação com a reforma trabalhista, recentemente aprovada no Congresso
Nacional. Ele desmentiu ainda as informações da imprensa sobre uma possível
recontratação de professores sob a forma de trabalho intermitente ou de pessoa
jurídica.
O advogado da Estácio frisou que as
demissões não chegam a 10% do total de quase 15 mil professores da instituição
e disse que o elevado percentual de demitidos com idade avançada foi detectado
pelo Ministério Público do Trabalho, que teria se baseado apenas em uma pequena
amostra de 102 professores.
Reforma trabalhista
Os argumentos da Estácio foram rebatidos pela diretora de Universidades Privadas da União Nacional dos Estudantes (UNE), Keylly Leal. "A União Nacional dos Estudantes se coloca contra a mercantilização das universidades. Vem sendo negado, mas a gente percebe que, uma semana depois da aprovação da reforma trabalhista, já houve essa série de demissões. Foi em diversas universidades, precarizando cada vez mais o ensino", criticou.
Os argumentos da Estácio foram rebatidos pela diretora de Universidades Privadas da União Nacional dos Estudantes (UNE), Keylly Leal. "A União Nacional dos Estudantes se coloca contra a mercantilização das universidades. Vem sendo negado, mas a gente percebe que, uma semana depois da aprovação da reforma trabalhista, já houve essa série de demissões. Foi em diversas universidades, precarizando cada vez mais o ensino", criticou.
Dirigente da Confederação Nacional
dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino, Trajano Jardim repetiu que
está em curso um projeto de precarização do ensino. "A reestruturação
indica um projeto que tentava precarizar e internacionalizar a educação no
Brasil. Dizer que a reforma trabalhista não tem nenhuma influência nisso aí é
brincadeira. A reforma trabalhista veio para dar suporte a todas essas
reestruturações que estão sendo feitas pelas instituições privadas",
afirmou.
Procurador do Ministério Público do
Trabalho, Marcelo Fernandes da Silva afirmou que foi a própria Estácio de Sá
que mencionou a reforma trabalhista nos autos da ação judicial. Segundo o
procurador, a universidade ainda não apresentou ao Ministério Público os
critérios adotados para a dispensa dos professores. Os dirigentes de entidades
trabalhistas e estudantis também citaram demissão de 196 professores na
Universidade Mackenzie, em São Paulo.
Reportagem – José Carlos Oliveira
Edição – Pierre Triboli
Edição – Pierre Triboli
Fonte: 'Agência Câmara Notícias'
(11) 2557-0545
(11) 97226-4520 (WhatsApp)
Comentários
Postar um comentário